30 de abril de 2013

Palpite: Sangue Bom faz aposta em núcleo jovem.

Com a missão de alavancar os índices de audiência do horário das 19h, derrubados pela antecessora Guerra do Sexos, a romântica Sangue Bom fez sua estreia nesta segunda-feira, 29, na Globo, com um texto de qualidade, ágil, bastante afiado e, sem trocadilho, com sangue novo. O folhetim colorido criado por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari reserva todas as fichas para recuperar o público de Cheias de Charme(Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, 2012), um dos tunfos, inclusive, é arrebatar o público jovem, considerado por pesquisas da emissora dos Marinho como responsável por provocar burburinho nas redes sociais de suas telenovelas. 

Sangue Bom tem uma escalação acertada, com histórias entrosadas, que despertam curiosidade no público; diálogos irônicos e divertidos, que se adequam ao horário proposto; além de logo de cara apresentar uma trilha sonora que flerta com hits considerados "descolados" pelo público jovem. Pelo que foi visto na estreia, a direção de Dennis Carvalho parece repetir o dinamismo de TiTiTi, remake de Maria Adelaide Amaral, em 2010, adaptada da obra de Cassiano Gabus Mendes; e a popularidade da bem sucedida Cheias de Charme.

Ambientada em São Paulo, Sangue Bom conta a história de Bárbara Ellen, atriz decadente que se tornou mal-vista nos bastidores da TV por causa de seu temperamento forte. Sustentada pelo marido cineasta Plínio (Herson Capri), ela faz de tudo para se manter em evidência na mídia, inclusive adotar crianças. É nesse contexto que entra em cena Amora, personagem da Sophie Charlotte, uma das crianças que Bárbara Ellen adotou. A mocinha da novela viveu num lar de adoção com Bento (Marco Pigossi) e Fabinho (Humberto Carrão). Depois de viver diversos dramas como garota de rua e ser adotada, Amora acaba se tornando uma it girl, termo inglês utilizado para as meninas que lançam tendências de moda e muitas vezes acabam famosas por isso. A it girl geralmente influencia pessoas e é copiada no vestir e no comportamento.

Palpite: elenco numeroso prejudica narrativa das novelas

Aparentemente indefesa e confusa quando o assunto é amor, Amora, mesmo crescida, ainda carrega os traumas de ter vivido na rua - daí talvez se explica o jeito mimado e a necessidade de reconhecimento, fama e a busca por lisonjeamento. Ela é irmã de Malu (Fernanda Vasconcellos), que se diz apaixonada pelo playboy Maurício (Jayme Matarazzo). Completa o núcleo principal a corintiana Giane (Isabelle Drummond), que não tem muito jeito feminino e ama o florista Bento, que ama a it girl Amora. A história, como dá para perceber, tem meia dúzia de encontros e desencontros. Será recheada de mal-entendidos e personagens que carregam dúvidas do começo ao fim. À primeira vista,Sangue Bom não aposta em vilanias. Seus conflitos, que provocam o andar da coisa, muitas vezes serão motivados pelo contraste entre ser e ter, o querer ser e o querer ter. 

Outro fator que merece ser comentado é a comparação entre a trama e Malhação, como chegou a ser lembrada pelo público nas redes sociais logo que as primeiras cenas foram levadas ao ar. É claro que Sangue Bom, aparentemente, lembra a novelinha teen. Afinal de contas, assim como a protagonista Sophie Charlotte, boa parte do elenco do folhetim já passou por Malhação. Caso de Carolinie Figueiredo, que atua como publicitária na agência fictícia Class Mídia; Humberto Carrão, Bia Arantes e Fernanda Vasconcellos, o que deixa a vaga lembrança na cabeça do telespectador.

Nesse primeiro capítulo, Maria Adelaide e Villari foram até onde puderam na apresentação dos personagens, mesmo que isso tenha ocorrido em cenas curtas, com diálogos pouco importantes. O destaque ficou por conta de Marisa Orth, Ingrid Guimarães e da renomada Giulia Gam. A surpresa também veio por Mallu Mader, que deu as caras como uma mulher suburbana que criou o filho sozinha, o oposto de novelas anteriores, como Celebridade e TiTiTi, onde sempre foi presenteada pelos diretores com personagens de classe média. Já Sophie Charlotte e Fernanda Vasconcellos ainda precisam mostrar muito a que vieram. Essa última atriz, por exemplo, interpreta exaustivamente mais uma garota sofredora por um amor não correspondido, que sempre está com os olhos cheios de lágrimas. Haja drama!

Sangue Bom tem todos os ingredientes fundamentais que um folhetim precisa para decolar no ibope. Da direção de arte, passando pelo figurino, até o acabamento, tudo é caprichado. Não tem o humor pastelão e não cansa como Guerra do Sexos. E, embora tenha um ponto aqui e outro ali parecido com outras telenovelas, Sangue Bom parece seguir firme em busca de identidade própria.

Por: Murilo Melo (A Tarde)

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