Em discurso emocionado na festa da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chorou neste sábado (1°) ao falar do fim de seu governo. Ele afirmou que foi leal aos trabalhadores e disse que vai continuar morando no mesmo apartamento em São Bernardo do Campo (SP) quando deixar o poder. Lula mencionou ainda a inclusão de seu nome entre os mais influentes do mundo pela revista Time e disse que “ego engorda” e que ele quase “não cabe nas calças”. O evento da CUT acontece no Memorial da América Latina, em São Paulo.
As lágrimas de Lula vieram na parte final do discurso quando mencionou sua saída do governo. “Quando eu deixar a Presidência, vou continuar morando no mesmo apartamento, na mesma distância do sindicato em que realizei as greves mais maravilhosas deste país. (...) E eu vou poder levantar de manhã e dizer bom dia companheiro porque eu fui leal àquilo que nós pretendíamos”, afirmou Lula, antes de ser interrompido pelas lágrimas.
O presidente já tinha se emocionado antes ao dizer que foi alertado de que seu governo não poderia errar. “Eu tinha um medo de não dar certo (o governo) porque eu ia quebrar o que tinha de mais sagrado, que era a relação de amizade que eu tinha com vocês”, disse Lula à platéia formada por trabalhadores e representantes sindicais que gritavam o seu nome.
Durante algumas vezes no discurso o presidente citou a reportagem da revista Time. O tema já tinha sido lembrado por dirigentes sindicais que discursaram antes de Lula. “Vocês começam a dar muita importância para a revista Time e daqui a pouco meu ego cresce e não cabe mais nas calças. Vou ter que encomendar uma calça mais larga porque o ego vai crescendo e o ego engorda”, brincou o presidente.
Lula usou o exemplo da revista para rebater críticas que recebeu no começo de seu mandato de que seria incapacitado para governar o país porque não falava outros idiomas. “Não precisa falar bem muitos idiomas, é preciso falar bem o idioma que seu povo entende”. Durante o discurso ele destacou também a importância de suas viagens internacionais a destinos como America latina, África e Oriente Médio.
Este foi o terceiro evento no qual Lula esteve acompanhado da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. O presidente falou brevemente sobre sua sucessão e não citou o nome da aliada. “Eu sei que a legislação não me permite falar em candidato, só depois de julho”. Neste momento, sua fala foi interrompida pelos gritos dos presentes em favor da candidata. Lula repetiu que não podia falar do tema e mudou de assunto. Antes, em evento da Força Sindical, ele já afirmou que as pessoas já sabiam quem ele queria que o sucedesse.
Dilma também discursou no evento da CUT. Ela destacou o aumento do salário mínimo e a geração de empregos no governo Lula e afirmou que ainda há muito para ser feito. "Sabemos que temos muito o que fazer porque conquistamos um direito fundamental, o direito de olhar para o futuro, foi isso que Lula nos deu".
PSDB critica "campanha antecipada"
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), fez críticas à forma como Lula e Dilma estão participando dos eventos neste sábado. O partido vai estudar a possibilidade de entrar com uma ação na justiça eleitoral por campanha antecipada. Uma das principais críticas é o fato de estatais patrocinarem os eventos, que acabam sendo usados, na visão da oposição, para fazer campanha.
“Todos tem a convicção que o limite da lei deve ser respeitado. Se a seis meses da eleição estão fazendo isso, imagina aonde vão chegar. Todo dia, toda hora, o governo passa por cima da lei sem a menor cerimônia”, reclamou Guerra.
Ligia Guimarães Do G1, em São Paulo
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